5 de junho de 2012

O ÚLTIMO POEMA






Enquanto me davam a extrema-unção,
Eu estava distraído…
Ah, essa mania incorrigível de estar
Pensando sempre n’outra coisa!
Aliás, tudo é sempre outra coisa
- segredo da poesia –
E, enquanto a voz do padre zumbia como um besouro,
Eu pensava era nos meus primeiros sapatos
Que continuavam andando, que continuavam andando,
Até hoje
Pelos caminhos deste mundo.


Mario Quintana



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