15 de setembro de 2012

Amei Demais





Madruguei demais.
Fumei demais.
Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas.
Redondas.
Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.

Demais foram as sombras.
Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.

Amei demais.
Sempre demais.
E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti.
De mim.
De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos.
Mas banais.


Joaquim Pessoa


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