15 de janeiro de 2013

Rio Guadiana Vai Voltar a Ser Navegável



 " Está aqui um historiador que não me deixa mentir. Esta promessa do desassoreamento do Rio Guadiana já vem de há duas ou três décadas". As palavras do presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, o social-democrata Luís Gomes, seguiram-se ao anúncio feito pelo presidente da Comissão de Coordenação Regional (CCDR) do Algarve e também presidente da Euroregião Alentejo/Algarve/Andaluzia, David Santos.
Este ano é que vai ser, o Rio Guadiana poderá voltar a ser navegável, garante: "Pensámos que seria possível desassorear até ao Pomarão (junto a Mértola), mas estamos a ter algumas dificuldades por causa de questões ambientais. Mas pelo menos até Alcoutim entendemos que podemos chegar sem grande problema", adianta ao Expresso David Santos.
Depois de vários estudos, David Santos diz que a tarefa é para cumprir e abril poderá ser o mês de arranque da obra, embora primeiro seja necessário ainda sentar portugueses e espanhóis à mesma mesa. "Como isto é um rio internacional, não depende só das autoridades portuguesas ou espanholas, depende de ambas. É preciso sentá-las num mesmo espaço, no mesmo dia e tomar decisões. É isso que ainda ninguém conseguiu mas que eu vou ter de fazer, porque não faz sentido ter candidaturas (de fundos comunitários) aprovadas, com dinheiro disponível, e depois não se fazerem as obras", acrescentou o responsável, à margem do protocolo de criação da eurocidade Ayamonte-Vila Real de Santo António.
Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, não cabe em si de contente: "Ainda no outro dia estive numa reunião com empresários daqui do concelho e esse assunto voltou à baila e foi colocado como uma das grandes prioridades para o nosso município", diz. "É inaceitável que um rio com o potencial do Guadiana se encontre há décadas asfixiado. Não acredito que haja muitos países que, tendo um rio como este, o possam abandonar e aos seus recursos", acrescenta, elogiando o trabalho do presidente da Euroregião.
Um dos problemas, apurou o Expresso, prende-se com uma das candidaturas, aprovada a cargo do Instituto Português dos Transportes Marítimos, entretanto extinto. Existem agora dúvidas sobre quem terá a responsabilidade da gestão.
Para já, sabe-se que o projeto contará com meio milhão de euros, algo que não sendo muito poderá ser suficiente para nivelar alguns pontos altos do fundo do rio, que fazem com que atualmente a navegação seja uma verdadeira aventura, mesmo para barcos de pequeno calado. "Nós temos estudos que identificaram as zonas onde há mais dificuldade para as embarcações passarem e é nessas zonas que há intervenções pontuais. Isso, em conjunto com um correto balizamento do rio. Porque se tivermos esse balizamento a obra não precisa de ser tão acentuada", explica David Santos.
Segundo o presidente da Euroregião, o projeto poderá no entanto ficar aquém do desejado por razões ambientais, uma vez que há vários anos se pretende que as dragagens se estendam até ao Pomarão (concelho de Mértola), antigo porto de escoamento de minério das Minas de São Domingos, desativadas nos anos 60.
Para já, fica uma garantia: as obras necessárias à navegabilidade do rio desde a foz, em Vila Real de Santo António, chegarão pelo menos até Alcoutim, no nordeste algarvio, algo que se conseguirá ainda durante o ano de 2013. "

In Expresso



Frederica Rodrigues - Para vender, comprar ou arrendar em Portugal